domingo, 27 de agosto de 2023

Modus Operandi

"Modos Operantes: Explorando as Reações Humanas em Momentos de Desafio e Busca Existencial"

Nos intrincados labirintos da psique humana, os indivíduos frequentemente revelam padrões intrigantes de comportamento em resposta a momentos de dor, dificuldade e busca existencial.

Como Carl Jung observou, "Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda." Sob o olhar atento da psicanálise, esses comportamentos, muitas vezes enigmáticos, ganham vida como "Modos Operantes". Estas são as formas distintas pelas quais as pessoas enfrentam e reagem diante de adversidades, problemas psicológicos, conflitos familiares, luto avassalador, transformações de vida, transições geográficas e mudanças de trabalho.

Arthur Schopenhauer, por sua vez, destacou que "A dificuldade é um estímulo, não um impedimento."

Durante esses períodos de tormenta emocional, é comum observar as defesas psicológicas entrarem em ação. Mecanismos como a negação e a repressão podem oferecer uma camada temporária de alívio, ocultando os sentimentos desconfortáveis no subterrâneo da mente. Enquanto isso, como observou Immanuel Kant, a projeção pode transformar as inseguranças internas em percepções projetadas no mundo exterior, proporcionando uma ilusão momentânea de controle.

As feridas não cicatrizadas das relações familiares podem ecoar nas escolhas e nas interações do indivíduo, conduzindo a padrões repetitivos que a psicanálise identifica como "repetição compulsiva". É como se o passado voltasse a ressoar no presente, buscando uma resolução que muitas vezes escapa ao entendimento consciente, ecoando a noção de Schopenhauer de que "todo o sofrimento é apenas um vazio no ser".

No árduo processo de luto, a psicanálise ilumina a ambivalência que muitos experimentam. O luto pode desencadear um mergulho nas profundezas do inconsciente, onde a dor e a perda se entrelaçam com memórias e desejos há muito reprimidos. Como Jung disse com perspicácia, (Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda) Através dessa lente, o luto não é apenas um adeus, mas também uma jornada interior de reconciliação.

A busca existencial, por vezes, lança os indivíduos em uma viagem de autoconhecimento, como Kant afirmou: "Tenho, pois, de remover o conhecimento para dar lugar à crença". As questões fundamentais sobre o sentido da vida, a identidade e o propósito podem se tornar um território fértil para a exploração psicanalítica. O "eu" e o "outro" entram em diálogo, desvendando as complexas interações entre o ego e o superego, entre a busca por prazer e a aderência às normas sociais, como ponderado por Kant.

No entanto, muitas vezes, em busca de alívio imediato, as pessoas recorrem a "muletas psicológicas". Como observou o filósofo contemporâneo Alain de Botton, "Nós não somos tristes, estamos tristes". Essas são estratégias evitativas ou comportamentos compensatórios que oferecem um refúgio temporário das realidades angustiantes. Elas podem assumir a forma de vícios, relações de dependência ou mesmo a idealização de figuras autoritárias, servindo como uma espécie de tábua de salvação emocional.

À medida que desvendamos os "Modos Operantes" humanos, fica claro que a psicanálise nos fornece uma bússola para navegar pelas profundezas da psique. Como o filósofo contemporâneo Charles Taylor expressou: "A identidade é algo que você tem que construir... É uma tarefa que nunca é concluída". Ao explorar as complexidades do comportamento humano durante momentos de crise e busca, a psicanálise nos lembra da intrincada tapeçaria que compõe nossa jornada interna, repleta de desafios, oportunidades de crescimento e uma busca contínua pelo entendimento do self.

Em meio aos desafios inerentes à existência humana, a jornada para superar as adversidades reside no confronto corajoso com nossa própria psique. Ecoando assim novamente a frase de Jung, a busca por respostas não está em fugir dos problemas ou em buscar alívio temporário nas muletas psicológicas. O verdadeiro caminho para o crescimento, cura e transformação reside no enfrentamento direto dos desafios internos.

Nessa jornada, a análise se torna uma luz orientadora. Como Arthur Schopenhauer expressou, "A dificuldade é um estímulo, não um impedimento." A análise oferece a oportunidade de explorar as camadas mais profundas da mente, desvendando os "Modos Operantes" que moldam nossas reações e comportamentos. Através da busca contínua por autoconhecimento, podemos desfazer padrões limitantes e abraçar um crescimento constante.

Assim como Immanuel Kant provocou, "Tenho, pois, de remover o conhecimento para dar lugar à crença", também devemos remover as camadas de autonegação para dar espaço à aceitação e transformação. Através da análise, confrontamos as sombras que outrora nos assombravam, dando passagem à luz da compreensão e autenticidade.

A melhor forma de escapar das amarras das muletas psicológicas é abraçar a jornada interior, buscando a análise não como um ato isolado, mas como um compromisso contínuo. Como os filósofos contemporâneos Alain de Botton e Charles Taylor refletem, a transformação é um processo que nunca está concluído; é uma construção contínua da identidade e do bem-estar emocional.

Em última análise, escolher o confronto em vez da fuga é um passo ousado em direção à auto descoberta e ao desenvolvimento. A análise, com sua capacidade de iluminar as profundezas da psique, se torna a bússola que guia a jornada rumo à autenticidade, resiliência e crescimento. Portanto, ao buscar análise e enfrentar nossos desafios internos, abrimos as portas para nos tornarmos melhores a cada dia, abraçando a plenitude da vida de maneira mais consciente e enriquecedora.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Sheetara, A Guardiã Dos Sonhos.

A quase três anos atrás adotei uma gata. Nunca fui fã de gatos, sempre tive uma afeição pelos cães, mas a ocasião me proporcionou esse desafio de ter um gato em casa. Nos primeiros anos, passaram em média uns vinte gatos pela minha casa. Tudo entre crias e filhotes que deixavam em meu portão. Mas os principais da casa sempre foram Sheetara e Lion.
Lion, era a personificação do 'ser vira-lata', ladrão de carne na mesa, invasor de propriedade alheia, sobrevivente das ruas, e consecutivamente um Piranhão. Desaparecia por dias, e voltava daquele jeito, sujo, magro, e as vezes ferido, mas com a cara lavada de quem voltou com a missão cumprida. Numa dessas investida voltou completamente arriado. Na verdade, desapareceu por duas vezes e o encontrei muito doente, prestes a morrer em um terreno baldio. Adquiriu a AIDS Felina e faleceu. Deixando pra trás sua irmã de criação, Sheetara. Uma gata arisca, medrosa, que detestava tumulto, cólo e morre de horrores quando ouve o barulho do Caminhão Do Lixo. Viveu durante seus primeiros anos num ambiente meio hostil. Dois adultos em pé de guerra, uma criança elétrica, e um entra e sai estridente de pessoas em casa. Sem contar a atmosfera negativa que a cercava.
A quase um ano atrás, tudo mudou. Mudamos de casa, eu, e Sheetara. Fomos morar juntos. Só nós dois! E daí então, tudo mudou. A Paz se estabeleceu, a castrei e ela passou a ser a minha fiel companheira no deitar e acordar. Passou a ser minha ouvinte predileta. Meu Divã. Conversamos por horas a fio. Sem pressa nenhuma e passamos a nos entender melhor. Ela passou a ser completamente dócil. Ama que eu a pegue no colo. E eu faço isso do meu jeito ogro de ser. Assim como todos os gatos que passaram por aqui, ela sempre larga o corpo e deixa eu fazer qualquer coisa. É sério! Eu a penduro pelas patas, pelo pescoço, pela nuca, pelo rabo. Jogo pra cima, ponho ela em cima da minha cabeça. É uma loucura de amor. O Lion chegava a deitar no chão pra que o puxasse por toda a casa pelas patas traseiras o arrastando como um pano de chão. E vou te contar. Ele sorria! É sério. Dava pra ver a alegria estampada na cara daquele sem vergonha.
Agora, Sheetara vem se revelando nos últimos meses. Nós temos alguns rituais a serem sempre feitos antes de sair, dormir e acordar. Vou resumir. Ao acordar pela manhã, rola um carinho meio louco. Ela se joga por cima das minhas mãos e pede uma massagem. E faço enquanto ela dá leve mordidinhas na minha mão. Antes de sair de casa, como ela fica a sós o dia inteiro, ela quer uma pouco mais de atenção. E solta uns miados estranhos. Parece até que vai falar! Inclusive eu já vi essa maluca pela manhã ficar olhando pra minha cara balbuciando baixinho alguma coisa que até hoje eu sou meio desconfiado. (Rs) Enfim. Quando chego a noite ela quer brincar de Pique Se Esconde antes de dormir. Gata maluca gente. Porém o que acho mais fantástico e preciso revelar pra vocês é, Sheetara tem alguma coisa sobrenatural que eu não consigo entender. Quando eu estou aflito, e converso comigo mesmo, chegando a um ponto que entro numa espécie de transe e discuto com meu próprio inconsciente, ou quando eu tenho uma DR com Deus,  ela começa a dar uns miados estranhos, muito altos, e a olhar pra mim de uma forma como se ela estivesse vendo com quem eu estou conversando. É assustador, e fascinante ao m amo tempo, dá pra perceber que ela entra num momento de tensão muito grande. Outra situação, e a mais intrigante pra mim. É que ela se tornou a Guardiã Dos Meus Sonhos. Sheetara dorme ao meu lado na cama. E por vezes, eu já acordei a noite com ela sentada de frente ao meu rosto me olhando, como se estivesse realmente de Sentinela.
Nas últimas noites, devido algumas mudanças em minha rotina de vida, tenho ficado um pouco apreensivo, e isso tem me levado a ter alguns pesadelos. E acreditem! É sempre Sheetara que me acorda nos momentos mais tensos do sonho. Ela começa a literalmente gritar pra que eu acorde. Um miado absurdamente estranho, como se gritasse o meu nome. É bizarro! Essa gata tem sido umas das melhores coisas que eu possuo hoje. É uma amiga, uma companheira, uma irmã. Uma filha. Quando meu despertador não toca pela manhã, é ela quem faz serviço. Chega até mim, senta em frente ao meu rosto e toca meu ombro com a pata até que eu acorde. Sim! Eu já fingi estar dormindo pra confirmar esse fato. São tantos mistérios que rondam nosso convívio, que eu poderia escrever um conto de fábula. Sei lá! Tipo algo como, Sheetara a Guardiã Dos Meus Sonhos.

domingo, 5 de novembro de 2017

A Cor Púrpura da Solidão

Eu havia deixado o rádio ligado quando sai; e quando cheguei, estava tocando Spanish Eyes, da Madona. Eram 04:30hs, eu já havia rodado por uns dois ou três points com amigos de carro. Tomamos algumas cervejas, jogamos sinuca, demos gargalhadas contando uns pros outros nossas aventuras e desatinos. Lembro que em determinado momento, na estrada, por volta da meia noite em um momento de silêncio raro no carro, soou o refrão na estação de rádio 'O Verme passeia na lua cheia!', Secos e Molhado era a trilha sonoro da estrada em meio aos nossos contos de bravura. Nos últimos meses tenho adotado a velha filosofia do Lobo Solitário. E feito alguns seguidores. Não sei exatamente o porque, nem como a vida me caminhou a isso. Mas, tem me feito bem. Os melhores momentos da minha vida em quatro décadas foram sempre acompanhados de uma boa bebida, uma trilha sonora, e um velho livro resgatado nos sebos da vida. Venho ultimamente mudando um pouco minha visão das coisas a minha volta, quanto a vida por exemplo, vejo-a como uma estrada velha entre montanhas, e prossigo perseguindo-a de pés descalços pra sentir o barro entre os dedos, vejo a noite como uma velha paixão de adolescência, e as pessoas que cruzam meu caminho, como casualidades que surgem em meio a selva. Isso me trás leveza. Apesar dos desafios. Mas me trás a possibilidade de descartar o peso imposto sobre nós por cobranças desnecessárias. Cobranças vindas até mesmo de nós mesmos. A Cor Púrpura da Solidão tem sido meu ápice. Estar bem comigo mesmo tem sido o meu Nirvana. Não me julgue! Não fui obrigado a isso. São as circunstâncias. Hoje vivo em comunhão com elas. Como disse um dia o filósofo, 'Eu sou eu, e minhas circunstâncias', então. Abracei a mim mesmo, alcancei o amor próprio e tenho um relacionamento conjugal forte com a auto estima.
Não posso descartar as possibilidades de comparar também a caminhada da vida como uma Roda Gigante Velha e enferrujada que vira e mexe da pane e tu nunca sabes onde sua cadeira vai parar, lá em cima, ou lá em baixo. Mas isso faz parte.
Bom. Agora, deitado, com um sorriso no rosto. Quero dormir e ter bons sonhos. Sonhos que repitam os contos de fábula dessa noite maravilhosa com os amigos. Porque amanhã é dia de labuta. E os dias ultimamente têm sido como terras áridas de um deserto distante.