sábado, 30 de março de 2013

Mais uma dose.


Enquanto eu sinto o cheiro de terra molhada,
Vejo teu rosto transfigurado na fumaça do chá que sai daquela velha xícara.
Velhas assombrações, surto de paixão.
Óh, não!
Detesto essa palavra!
Paixão.
Temperatura febril, doce amarga lembrança que invade as noites sombrias.
Dê-me mais um gole...
Eu preciso de você como você de mim.
Catracas de um velho motor girando a todo vapor,
Droga. Aqui estou eu novamente lamentando.
Gozando lembranças daquela noite sordida.
Diz-me por quê?
Você nunca entendeu. Nunca entenderá!
Quer saber onde estou agora... (?)
Venha me encontrar.
Estou no mesmo lugar que nos encontramos na primeira vez.
Prove comigo mais uma doze.
E nos entorpeceremos juntos daquilo que nunca fomos capazes de provar.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Attitude Adjustment - #NowPlaing

Sem mais...



Attitude Adjustment - Actions speak louder than words + No Way Back

17: 58



Sinto sua falta.
Lembro-me quando nos encontrávamos e você quase sempre com poucas palavras e cabeça baixa segurava o meu queixo e beijava a minha boca como se aquele momento fosse a sua primeira vez.
Apaixonada, delirante.
Ainda sinto o cheiro e o gosto do seu batom.
Eu realmente sinto a sua falta.
Ninguém mais me deu tanta força como você,
Seu vigor, seu olhar, sua presença.
Difícil foi o dia em que como areia a deixei escorrer entre meus dedos.
Volta pra mim...
Abraça-me.
Não povoe mais os meus sonhos nem se ausente em meus pesadelo,
Seja a realidade que eu preciso,
Óh minha doce esperança! 

terça-feira, 26 de março de 2013

O Funk Carioca e sua "contribuição" social.


Mais uma vez me exponho a fazer algumas colocações.
Vamos lá!
O ditado já diz : "Gosto é igual... (a retina dos olhos) cada um tem o seu." E quando se fala de música então, é esse o caminho.
Esse ritmo, o tal Funk Carioca durante um bom tempo sofre mutações, como os outros estilos musicais é claro.
E a alguns anos atrás era assim, o Funk era um pouco "destinado a periferia". O pessoal se reunia pra dançar, paquerar e se divertir. Criar os famosos "passinhos".
E então não sei porque, (deixo essa parte para os sociólogos) a coisa começou a mudar. No baile, houve a época em que havia uma disputa de roupas de marca. Nessa época os moleques ostentavam, camisas, causas, bermudas e tênis tudo muito caro. Até mesmo cartões de crédito eram mostrados nas disputas. Assim surgiram muitas marcas se deliciando dessa pegada. As lojas nos shoppings davam volta no quarteirão, houve um crescimento absurdo de roubo de tênis nas ruas para alimentar o mercado negro.
Depois, os concursos de galera, e veio a onda do "rap", as músicas, o grito da galera, as bandeiras, bolas, faixas, tudo isso contava ponto para ganhar os campeonatos.
Era bonito!
Nessa época quem fez a festa junto com a molecada foi as gravadoras e os Dj's que os sugavam como ninguém. Transformavam qualquer guri em celebridade da bonita para o dia.
Depois os tempos mudaram, e tudo ficou muito "tenebroso" as disputas agora eram feitas na "marra". Os funkeiros estavam se gladiando. Brigas extremamente violentas ocorriam nos bailes, foi quando surgiu o "corredor", os seguranças da casa esticavam uma corda e os meninos caiam no pau entre elas. Houve muitas mortes nos confrontos fora dos bailes. Perdi alguns amigos de infância nessa loucura.
E então, nesse período deu-se inicio a "caça as bruxas". E as casas de shows onde haviam os bailes começaram a ser fechadas, dando origem aos bailes da comunidade, e voltou a onda do "rap", dessa vez com uma maozinha do tráfico de drogas, e com as músicas exaltando as facções criminosas o lucro agora viria com o famoso "proibidão".
Passou-se o tempo, e agora o "glamour"!
Com no máximo duas palavras (de preferência com duplo sentido) e uma dança sensual se tem um sucesso.
Se romantizar um pouco vira trilha sonora de novela e tem presença garantida no Domingão do Faustão.
Esses são os tempos atuais, e o Funk Carioca "dita as regras" da sensualidade; academias cheias, corpos sarados, bundas, coxas, peito e biceps. Tudo bem moldado como manda o figurino.
E enquanto algumas emissoras de televisão aproveitam a deixa pra ganhar audiência outras se excandalisam com a menina pelada no palco.
Que vergonha!
Mas vergonha de quê?
Onde eles queriam que chegasse?
Me desculpe, mas eu tive que analisar o video.
Percebesse que o baile todo já estava "frenético", como eles dizem.
Alguns vídeos gravados no mesmo dia mostra a mulherada louca em cima das mesas com minúsculas roupas expondo as partes internas do seus úteros.
Deplorável!
Euforia completa.
Sinceramente, eu esperava até pior.
E então, eu pergunto: De quem é a culpa?
O Funk Carioca é ruim ou é aquilo que ele se tornou que o torna ruim?
Se o "batidão" não fosse tão apelativo?
Se houvesse uma forma de mudar essa realidade? Seria diferente?
Não, não acredito.
De qualquer forma chegaríamos até aqui. Com o Funk ou não.
Nós precisamos de um "ralo" pra escorrer a água suja, um "bode expiatório" talvez.
Não é lindo um monte de gente pelada desfilando na apoteose, dançando na televisão todo domingo a tarde, na novela das oito ou trancafiados numa casa pra darmos uma espiadinha?
Então minha gente!
O Funk Carioca é nossa trilha sonora.
É tudo um "Bunda lê lê"
Relaxa e goza.

terça-feira, 19 de março de 2013

Amarelinha, vídeo game e o trote na faculdade.


Houve um tempo em que quando criança, brincávamos nas ruas, e o maior tempo que poderíamos passar dentro de casa era talvez jogando vídeo game, estudando, ou de castigo exigido pelos pais. Hoje não rola mais. Talvez em algum lugar, uma criança perdida corre atrás de uma pipa junto com o seu pai curtindo o feriado.
 Adolescentes, nas ruas? Praças?
Alguns em shoppings, talvez.
A grande sacada hoje é estar na rede, on line.
Esse é o nosso mundo, o tempo todo. É onde encontramos amigos, parentes; onde desabafamos, julgamos, criamos, trabalhamos e nos promovemos. É onde conseguimos as informações “quase na velocidade da luz”.
Lembro que, pelo menos onde fui criado, passávamos o dia inteiro na rua.
Garrafão, Taco na roda, Queimado, Salada mista, estas eram algumas das brincadeiras.
Naquela época também andávamos muito de bicicleta. Fazíamos trilhas, subíamos montanhas, tomávamos banho de rio, cachoeira, esse tipo de coisa.
Essas lembranças por vez permeiam minha mente.  E às vezes, como agora, respiro fundo e tento arranca-las do subconsciente e criar alguns parágrafos.
Na verdade o que me fez parar alguns minutos para escrever este “textículo”, [(sic)] foi essas manchetes sobre o caso do trote na Faculdade de Direito de Minas Geras. (UFMG)
Sem querer defender ou julgar ninguém, penso; o que levaria aqueles jovens realizar esse tipo de trote com imagens como diz a mídia “racistas”?
Depois que o tal Boling e as “Cruzadas De Caça as Bruxas” contra a homofobia e o racismo tomaram conta deste mundo caótico que vivemos, se não estamos mais nas ruas nos relacionando, estamos entulhados em nossas casas “ruminando”, e talvez uma simples brincadeira, uma palavra mal interpretada, ou uma foto tirada naquele momento eufórico pode se tornar um tiro no pé.
Lembro-me de uma época atrás, quando houve o lançamento do filme Tropa de Elite, que virou febre nacional, assisti três crianças brincando na rua e na ocasião uma segurava a outra com as pernas abertas enquanto o terceiro com um cabo de vassoura e uma sacola plástica nas mãos gritava: _ONDE FICA A BOCA VANGABUNDO!?
É rapaz! Os tempos mudaram. (?)
Se você me perguntar agora de qual dos meus amiguinhos de infância e adolescência eu lembro, terei que pensar duas vezes pra responder.
Quer um exemplo?
Dos meninos, lembro muito bem do Cabeção, Brejo, Bicudo, Dengue, Xuxinha, Neguinho e do falecido Comedor de Rato. Das meninas que nunca se separava na escola lembro-me da Valesca Vareta, Nanica, Ju Girafa, e da nossa professora de Geografia e Matemática, gay, carinhosamente chamada de “Gato de Botas”.
Inclusive na festa de final de ano da escola ela mesma veio fantasiada de tal.
E os, Testemunhas de Jeová, que no sol de lascar, batiam em nossa porta todos os finais de semana. E quando nós os víamos saíamos correndo avisando aos vizinhos gritando: _LÁ VEM OS CRENTE! E nos trancávamos em casa.
Hoje as coisas mudaram? Talvez.
Tudo bem que há casos e casos, acredito também nos excessos.
Mas convenhamos!
Será que se esses garotos estivessem com essas mesmas fantasias desfilando na apoteose, em pleno carnaval, na ala da escola de samba campeã que em seu enredo conta um pouco da história da humanidade eles seriam tão julgados?
Ou o problema na verdade foi só o gesto nazista?
Pelo amor de Deus! Façam-me o favor.
Se esses “pobres coitados” estivessem vestidos de Pierrot com a língua de fora mostrando o dedo médio seria “Cool”. E Não teriam criado tanto alarde.
Fala sério!
Estamos coando um mosquito e engolindo um camelo.
Salve Brasília! \o

quinta-feira, 14 de março de 2013

Envergo Mas Não Quebro

(Lenine)

Se por acaso pareço
Que agora já não padeço
De um mau pedaço na vida

Saiba que minha alegria
Como é normal, todavia
Com a dor é dividida

Eu sofro igual todo mundo
Eu apenas não me afundo
Em sofrimento infindo

Eu posso até ir ao fundo
De um poço de dor profundo
Mas volto depois sorrindo

Em tempos de tempestades
Diversas adversidades
Eu me equilibro, e requebro

É que eu sou tal qual a vara
Bamba de bambu-taquara
Eu envergo mas não quebro

Eu envergo mas não quebro

Não é só felicidade
Que tem fim na realidade
A tristeza também tem

Tudo acaba, se inicia
Temporal e calmaria
Noite e dia vai e vem

Quando é má a maré
E quando já não dá pé
Não me revolto ou nem queixo

E tal qual um barco solto
Salvo do alto mar revolto
Volto firme pro meu eixo

E em noite assim como esta
Eu cantando numa festa
Ergo o meu copo e celebro

Os bons momentos da vida
E nos maus tempos da lida
Eu envergo mas não quebro

Eu envergo mas não quebro
Eu envergo mas não quebro
Eu envergo mas não quebro

sexta-feira, 8 de março de 2013

O Mundo Intuitivo e a Profecia

Por Enani Maldonado

QUANTAS VEZES UMA PESSOA se apresenta para nós como
alguém totalmente digno de confiança, destilando dos seus lábios palavras maravilhosas e, embora fiquemos externamente tendentes a depositar plena confiança nela, algo dentro de nós começa a incomodar e assim ficamos sem saber a quem obedecer: àquilo que estamos enxergando e ouvindo, ou àquilo que estamos sentindo. Esse tipo de conflito ocorre com muita frequência em nosso dia-a-dia e, assim, ficamos na dúvida se ouvimos a voz do racional ou a voz do intuitivo. Além disso, cada um de nós tende para um lado ou para o outro, segundo características individuais de temperamento: Quem é mais racional tenderá a desprezar o conhecimento intuitivo, e quem é mais emotivo tenderá a nortear sua vida pelo que sente, consequentemente, pelo intuitivo. A análise lógica
se processa em um ambiente totalmente desprovido de calor
e emoção e seu conteúdo são “dados”, mas o conhecimento
intuitivo se processa com “dados sentimentais”; nós, muitas
vezes, não gostamos de uma pessoa e não sabemos bem o por que desse não gostar; sentimos o gosto da antipatia involuntariamente, sem o patrocínio da capacidade de escolher. Nesse caso, os dados não são óbvios, mas subliminares.
Bom, agora surge uma pergunta: Como se processa esse
julgamento intuitivo? Qual o seu critério e que conteúdo utiliza
para conduzir-nos a uma análise tão poderosa a ponto
de, muitas vezes, não iniciarmos uma amizade com base em
uma antipatia inexplicável? A resposta está clara: São conceitos absolutos (fortalezas) que fornecem suporte para nossa análise intuitiva. Assim como existe na constituição de
um país, ou no seu código jurídico, uma série de conceitos
que vão nortear o que é certo e errado, o que deve ser acatado ou rechaçado pela sociedade, e as pessoas são absolvidas ou condenadas com base nesses códigos; da mesma forma, dentro de nós, existe uma série de pensamentos, sob forma de lei e de princípios, que comandam nosso julgamento intuitivo e nossa aprovação ou reprovação de tal situação ou pessoa. É, mas nesse caso, há uma acentuável diferença: no âmbito social, todo processo de seleção e julgamento se desencadeia de maneira voluntária onde cada passo é controlado e acompanhado, mas, no nosso interior, a coisa toma forma de impulsos, que são instantâneos e involuntários, podendo, tanto conduzir-nos a sucessos, quanto a derrubar-nos em uma série de fracassos.
Algumas vezes, obedecemos ao intuitivo e acabamos cometendo injustiças ou mesmo perdendo uma oportunidade importante; outras vezes, obedecemos ao lógico e somos ludibriados por alguém mal-intencionado. Assim, são muitos os conflitos diários que vivenciamos na dinâmica entre o lógico e o intuitivo.
O CONHECIMENTO INTUITIVO tem duas variantes importantes que precisamos identificar: A primeira delas é que esse tipo de conhecimento pode se processar apenas a nível da alma humana, ou melhor, você pode ter um julgamento
não racionalizado das coisas somente influenciado pelos absolutos que possui. Exemplificando, se você tem conceitos
absolutos preconceituosos acerca dos índios, de cara terá
um julgamento instantâneo silencioso que o manterá distante de qualquer pessoa pertencente a tal raça. A segunda variante do conhecimento intuitivo é que ele pode se processar
como “conhecimento revelado”, ou seja, recebemos informações do mundo espiritual através da capacidade de intuição e, assim, formamos algum tipo de juízo acerca das coisas, como é explanado no versículo do livro de Isaías: “Sobre ele repousará o Espírito do SENHOR”. Portanto, a primeira variante depende dos nossos arquivos conceituais absolutos,
mas a outra depende de influências que têm como origem o
mundo espiritual.
Quando alguém exercita os dons espirituais, por exemplo,
o faz se utilizando esse potencial tão importante, embora
muitos cristãos não se interessem em amadurecer esse
tipo de conhecimento, talvez por ignorar que ele está ao seu
alcance ou por algum medo ou mesmo preconceito. A verdade
é que o conhecimento revelado é a base pela qual a fé
se assenta, é por esta razão que a profecia de Isaías começa
com a afirmação de que: “Sobre ele repousará o Espírito do
SENHOR”, esta é a base sobre a qual as outras capacidades
da mente se assentam. Alguém pode ler a Bíblia diversas
vezes sem acreditar em seu conteúdo, sua leitura pode se
processar apenas no plano racional relativo; o conteúdo das
Escrituras só produzirá alguma mudança na vida de alguém
quando o que está escrito for revelado. A conversão depende
do conhecimento revelado, os dons espirituais também, de
sorte que sem esse tipo de conhecimento, não possuímos
nada espiritualmente. Quando Pedro fez aquela declaração
dizendo: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16.16),
Jesus respondeu dizendo que não fora a carne nem o sangue,
mas o Espírito Santo quem o revelara. Portanto, a base do
nosso relacionamento com Deus é o conhecimento intuitivo
revelado, assim também como a base para a prática dos dons
espirituais também o é. Mas, note bem, tanto o conhecimento
intuitivo advindo dos nossos absolutos quanto o que tem
origem na revelação, têm as mesmas características, acontecem
em nosso interior com sintomas semelhantes e podem
ser facilmente confundidos um com o outro. Essas duas formas
de conhecimento intuitivo têm a tendência de serem
confundidas, já que não surgem de forma gradativa e lógica,
mas de forma instantânea e sentimental. Todo tipo de intuição
se caracteriza por colocar o racional para um plano
subalterno e como, muitas vezes, vêm com uma carga emocional
muito nítida, tendem a se estabelecer como pensamentos
inquestionáveis, sendo inquestionáveis, já são em si
fortalezas, sendo fortalezas passam a determinar uma série
de impulsos e reações. Precisamos reparar em um aspecto
importante: é que nossos sentimentos são sensações quase
que palpáveis, são bem reais, porque fazem que o coração
dispare, e o corpo sinta incômodos e dores, alívios e êxtases;
tudo isto traz um sabor de realidade muito grande para
o conhecimento intuitivo quando ele vem misturado com
colorido emocional. Não é o caso do nosso campo racional
que lida com ideias, num processo lógico e gradativo, consequentemente,
toma, geralmente, forma despida de emocionalismos;
sendo considerados pensamentos não acabados,
e estando abertos a mudanças, pertencem, de cara, ao nosso
componente não absoluto, mas sim ao campo relativo onde
o conteúdo emocional tende a ser bem mais fraco.
A base de todo o nosso apego a qualquer coisa é o sentimento.
Muitas vezes, nos aferramos a ideias e conceitos,
porque existe um envolvimento com o nosso campo afetivo,
daí o perigo de nos apaixonarmos pelo conteúdo intuitivo
porque, repito, ele vem, muitas vezes, com muita emoção.
Quando somos enganados por nossa intuição, podemos cometer
injustiças tremendas, já que a paixão se mistura aos
conceitos. Assim, o conhecimento revelado poderá ser “colorizado”
pelo nosso rol de valores absolutos e nossa paixão
por eles. É por esta razão que quem exercita os dons
espirituais precisa, de antemão, ter conteúdos absolutos sadios
porque a palavra profética e a revelação, por exemplo,
poderão ser deformadas por inimizades, preconceitos, sentimento
de rejeição, e frustrações, residentes no conteúdo
absoluto do profeta, já que tanto o conhecimento intuitivo
advindo dos absolutos quanto o revelado chegam para nós,
repito, com os mesmos sintomas.
Deus, quando fala com o homem ou por intermédio dele,
não anula nenhuma de suas faculdades, por exemplo, provocando
o estado de transe, onde perde-se a consciência para
poder ser instrumento da revelação espiritual. Esse tipo de
atividade profética não existe nas Escrituras porque o Deus
que nos criou por inteiro, à sua imagem e semelhança, quer
que estejamos inteiros no momento em que profetizamos,
“porque todos podereis profetizar uns depois dos outros;
para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas (1Co 14.
31, 32). Ora, isto significa que quando eu profetizo, o faço
com todo o meu ser, meu temperamento não fica de fora,
nem a minha personalidade é anulada; também meus valores
absolutos não são anulados, e é por esta razão que a
palavra profética, que é uma forma absoluta de informação,
ao ser pronunciada corre o perigo de ser deformada pelos
conceitos absolutos de quem a recebe. Já que Deus não viola
a nossa autenticidade, quando somos seus instrumentos,
precisamos aceitar sua terapia e limpeza, principalmente no
que diz respeito a conteúdos absolutos. Assim, é de grande
valor compreendermos a necessidade de possuir a atividade
intuitiva – revelada como forma de receber informações de
Deus, mas também perceber que podemos desviá-la da sua
rota de destino, misturando-as com nossas fortalezas doentias
ou mesmo se não aprendermos a discernir os absolutos
pessoais dos absolutos revelados.
Um cristão que não acredita que a forma de conhecimento
intuitivo revelado por Deus possa fazer parte de sua vida
espiritual diária, permanece como se tivesse uma herança
pela qual se nega a usufruir. Esse cristão sobrevive do que
está descrito nas Escrituras Sagradas, mas o evangelho não
transforma sua vida cotidiana. Existe muita gente que, por
ter tido decepções decorrentes de profecias, revelações ministradas
por pessoas despreparadas, passou a manter-se
distante deste tipo de conhecimento; outros cristãos mantêm-se distantes por uma postura da própria denominação à qual pertencem. Mas a verdade é que o conhecimento intuitivo–revelado é para nós, cristãos, o combustível de uma vida espiritual viva e atuante, contextualizada. Existe uma série de aberrações e infantilidades em muitos lugares que ministram dons espirituais, mas esse fato não nos autoriza
a ter resistência (fortaleza) a eles porque, agindo assim, estaríamos alienando de nossa vida uma parte das Escrituras, assim como a própria base pela qual se apoia nosso convívio diário com Deus.
O que precisamos fazer é entrar na escola do conhecimento
intuitivo – revelado, como aprendizes, sendo primeiro
profetas para nós mesmos, aprendendo a receber revelações
e profecias para nossa vida pessoal, nosso trabalho,
nossa família, antes de sair por aí levianamente falando em
nome de Deus. Sim, se nós não temos o hábito de profetizar
para nós mesmos, como vamos fazê-lo para os outros? Se eu não consigo apascentar a mim mesmo, como apascentarei meus irmãos na fé; se não consigo me autoaconselhar, como serei conselheiro do povo de Deus? Portanto, se alguém quer exercitar seu conhecimento intuitivo, comece profetizando para si mesmo; Davi o fazia com maestria, porque apascentava sua alma exortando-a, aconselhando-a, corrigindo-a, animando-a. Vejamos o Salmo 42.5-11: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na sua presença. Ó Deus meu, dentro de mim a minha alma está abatida; porquanto me lembrarei de ti desde a terra do Jordão, e desde o Hermom, desde o monte Mizar. Um abismo chama outro abismo ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim. Contudo, de dia o SENHOR ordena a sua bondade, e de noite a sua canção está comigo, uma oração ao Deus da minha vida. A Deus, a minha rocha, digo: Por que te esqueceste de mim?
por que ando em pranto por causa da opressão do inimigo?
Como com ferida mortal nos meus ossos me afrontam os
meus adversários, dizendo-me continuamente: Onde está o
teu Deus? Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te
perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele que é o meu socorro, e o meu Deus”. Leiamos também o Salmo 103.1-5: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios. É ele quem perdoa todas as tuas iniquidades, quem sara todas as tuas enfermidades, quem redime a tua vida da cova, quem te coroa de benignidade e de misericórdia, quem te supre de todo o bem, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia”. Essa mistura entre a oração dirigida a Deus e o auto aconselhamento, já citada no início desse livro, fez de Davi um homem de uma amplitude interior semelhante a quem experimentou a dispensação da graça após o derramamento do Espírito Santo.
Não podemos ter preconceito contra a prática dos dons
espirituais, tão clara nas Escrituras, pelo fato de possuir alguma decepção ligada a eles. O tempo em que somente alguns profetas tinham a revelação acabou e, ao acabar, nos fez responsáveis e aptos para o exercício dos dons espirituais.
É necessário lembrar aqui que muita gente que sofreu decepções acerca de falsas profecias ou revelações teve essas decepções, muitas vezes, porque, de certa forma, estava comodamente dependente;
esse tipo de acomodação pode ter conduzido ou
a uma aplicação errada na vida prática, em caso da profecia
ser verdadeira ou mesmo em caso de ausência de julgamento da profecia em ambientes onde o profeta está absoluto e isolado. A orientação bíblica diz: “Falem dois ou três profetas e os outros julguem” (1Co 14. 29), o que quer dizer que a profecia, quando pronunciada por alguém deve ser feita em um grupo onde haja outros profetas aptos a julgá-la. Se não há ninguém apto a julgar, não há condições do exercício da profecia. Ela é uma atividade ligada ao Corpo de Cristo.
Ora, se o apóstolo faz uma observação alertando para a
necessidade de julgamento das profecias, é sinal de que as
possibilidades de erros existem e devem ser minoradas através
do intercâmbio entre os próprios profetas e da humildade
de cada um deles em admitir que é passível de erros. É
bom evitar qualquer dependência de profetas isolados; pode
ser cômodo e gostoso e aliviar-nos momentaneamente, mas
certamente o investimento é dos piores.
É bom lembrar, também, que os pensamentos absolutos
é que nos dão segurança e firmeza para tomar decisões
na vida, de forma que todo o nosso potencial decisório se
apoia em conclusões absolutas. Quando vamos tomar qualquer decisão, instintivamente nosso conteúdo de absolutos é consultado, de sorte que quando mudamos o rumo da nossa vida com base em um “talvez” ou em um “provavelmente”, até que se concretize com sucesso, ficamos bastante angustiados. Muita gente, para fugir dessa angústia, procura a profecia, porque ela, além de ser uma palavra absoluta, é feita em nome do Senhor de todos os absolutos. Em muitas dessas buscas, as pessoas não encontram respostas detalhadas para suas indagações e, em outras vezes, ouvem profecias falsas.
O importante é saber que todos temos o espírito de profecia em nosso interior e é imperativo que nos exercitemos nesta relação profética para amadurecermos espiritualmente.
Depender de profetas externos para direcionarmos nossa vida é sinal de infantilidade, dependência e estagnação..

Extraído do Livro "Fortalezas da Mente"