quinta-feira, 20 de julho de 2017

Chapeuzinho Vermelho, e a versão do Lobo Mau.

Tudo bem. Eu sei que você sempre ouviu os Contos de Fada pelo olhar vitimista de quem quer sempre lhe impor alguma certa subjetividade não é mesmo? Então. Que tal ouvir a história da Chapeuzinho Vermelho por um outro lado?
Na versão, óbvia, do Velho Lobo.
Ok. Vamos lá.
Pra começar bem. E pra sua surpresa. A vovozinha nunca existiu! Esta persona, na verdade, era a sombra de um grande e poderoso Dragão De Sete Cabeças chamado Avesso Da Chapeuzinho Vermelho. Todos os seus medos, angústias, frustrações e fantasmas reais estavam ali, na personificação da Vovozinha. Preste bem atenção!Prosseguindo; vamos tirar esse pseudônimo escroto, com carinha de adolescente saltitante que lhe deram a algova de Chapeuzinho Vermelho, e vamos chamá-la por seu próprio nome, pra tudo ficar mais apaixonante, e não soar 'melodramático'.
Sim! Penélope era o nome daquela mulher. Magra, pouco mais de um metrô e meio, ranzinsa, frágil emocionalmente, (sic) de alma velha e espírito de porco. Seu cabelo era crespo, já levado aos trancos e barrancos, pintados com papel crepom. Vermelho, claro! Bem intenso pra chamar a atenção.  Ela era uma daquelas mulheres que reclamava de tudo e de todos. Nunca deu bom dia a ninguém antes de uma lamuria. Nada nunca esteve bom pra aquela desgastada e pobre alma penada que percorria o caminho de si mesma como se caminhasse no Vale Dos Ossos Secos.
Acordava e dormia com as lamentações da vida. Bebia como uma Gambá! E fumava como se Fosse o Saci experimentando um novo fumo do Zâmbia. Adorava contar as histórias do seu tempo de Escrava Do Egito, assim ela menssurava seus tempos de imaginária opressão familiar sofrida pela persona 'Vovozinha'.

__ Que olhos grandes você tem!

__Que boca grande você tem...

Penélope, se dizia dona de si. Libertária! Intensa.Gritava isso aos quatro cantos. Ela era o lado B. Dizia. Escondendo dentro de si na verdade uma puta, uma puta crise existencial que a consumia. Vivia sempre às sombras dos Contos de Fadas. A Bela e A Fera, Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderela. Malévola! Alice no País das Maravilhas. Era tudo muito bem parafraseado por ela. Lindo pra quem acreditava nas suas versões sempre recheadas de paixão, esperando o Príncipe encantado pra salva-la da Torre Infernal do seu próprio eu. E foi o que aconteceu. Quase que na mesma e entediada vida daquela velha senhora jovem de trinta e poucos anos, eis que surge o Lobo Mau. Quer dizer, João. O quase ninguém, lembra? Então. João, passeava como um zumbi em busca de cérebro pra matar sua fome. Sim! Ele também tinha fome de existência como Penélope, sua redentora insaciável. Sabe aqueles dias, que a noite é foda? Então. Esse era o estado de espírito do velho João.
Então você me pergunta:

__ Ué. Perai!? Tu tá me dizendo que Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau na verdade formavam um casal?

Sim. Claro e evidente!
Ela, aos olhos de todos, uma Laide. Ele, um homem viril! Único. Veemente! Quase um deus. Que homem!
Mas, dois fantasmas astrais. Um vivendo às sombras da inexistência do outro. Devorando assim a verdadeira, eterna e graciosa vida. Que morava quietinha no Bosque ao lado. Enfim. Vilã mesmo, era até então a terna Vovozinha que ela lhe impôs a algova de suas crises existenciais. Os dois, pra fugirem um do outro e de si mesmos.Transformavam sempre sua casa no Bosque num grande Baile de Máscaras, num Teatro dos Horrores, faziam Resenhas Intermináveis. Onde todos os Animais Da Grande Floresta se encontravam quase todos os finais de semanas para suas algazarras e chocalhices.
Chapeuzinho Vermelho, ou melhor, Penélope, nunca foi jovem. Ao contrário do seu filho, Peter Pan. Sim. Mais uma surpresa pra você! Penélope tinha um filho. Não com o Lobo Mau, ou melhor, João Ninguém. Mas com o outro João, o do Pé de Feijão. O Cara Dos Ovos de Ouro, que negava pensão todo mês! Peter Pan sim. Era cheio de vida. Saltitante, um Santo Anjo de dez aninhos de idade. Puro, nascido de uma mãe devassa, prostituta, drogada; Cristiane F.
Mas João, o ninguém, cuidava de Peter Pan como se fosse seu. Até o dia da Grande Desgraça. Fruto de uma caminhada de mau agoro, veio o fim. Penélope entregue ao alcolismo e ao tabaco, virava noites  após as Resenhas na Casa do Bosque, quebrando tudo, fazendo fogueira com as roupas do João, gritando como uma esquizofrênica fazendo eco entre as árvores a noite. Exacerbada de si. Louca! Enclausurada em sua própria alma. Transformando a vida do João num Pavoroso Inferno.
E então, veio a separação. Penélope, e seu alterego,  Chapeuzinho Vermelho, como um verme parasita, encontrou mais um refúgio pra sua dor. Uma redenção, um novo hóspede, um Cavalo De Tróia pra que ela pudesse descansar seu amor como um Elefante Branco.
E o Velho Lobo, de volta a Floresta. A caça! Ao perigo soturno da noite, suas armadilhas e Caçadores de Pele. Fugindo de si. E a espreita das Aves de Rapina, e das Corujas que piam sobre as Altas e Centenárias Árvores Densas da Selva de Pedra.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Mar calmo nunca fez bom marinheiro

Parece que anda tudo muito bem. Estamos todos felizes, não é verdade?
Acho engraçado que mesmo com a poeira nos olhos, com aquela visão meio turva do horizonte; a gente consegue sorrir.
A gente consegue tudo!
Sempre conseguimos um tempo pra sonhar, contar piada, cantar e até dançar conforme a música.
Ver a banda passar com seu corinho animado, e ainda lançarmos confetes de cor púrpura das nossas ilusões.
Gosto dessa leveza das paixões que meia dúzia de copos de um bom vinho seco trás após a meia noite antes do sexo.
É tudo tão lindo! A perfeição do imperfeito. A verdade fabulosa que esconde por trás das cortinas da mentira, o medo. E esse perfume agradável da fedentina humana que se esconde por trás das selfs e cheking's mórbidos de um ser sem alma?
Ou. Com alma até demais!
Mas. Sem Espírito.
Calma, calma!
Não estou generalizando.
Relaxa. Sou apenas um bêbado em meio a tanta gente Sã. Ou. A única pessoa sã entre tão grande multidão de gente bêbada.
Quem sabe?
A noite é traiçoeira irmão.
Mas os dias ensolarados também tem suas sombras intensas. Sombras de árvores secas.
Não é de verdade quem olha pra esse mundo de caos sempre pelos olhos das cores vermelhas e intensas das rosas. Mas sim, de quem não esquece dos espinhos! Dos espinhos que a vida nos faz ter mais cautela. Ser mais prudente. Olhar sempre pro outro, infelizmente, ou felizmente, com olhar de julgamento.
Com olhar de quê:

__ Aí tem coisa! (?)

A imbecilidade e a imbecil-idade, nos trás maturidade Brother! Consequências​ da vida.
E a vida as vezes é como uma adolescente inconsequente, e, usurpadora
.
__ Óh vida! Óh céus... Óh azar!

Ela sempre nos faz mais românticos, ou nos faz mais idiotas. Sempre.
Aí, fica por conta de cada um.
Entre o romantismo e a idiotice, apenas uma tênue linha é capaz de existir.
Vivemos um baile de máscaras irmão. Mas o grande lance é saber o seu lugar.
Ou você é o palhaço.
Ou você é o dono do circo! 

domingo, 2 de julho de 2017

As Crônicas De Uma Velha Raposa - Eu, Você e a Cultura Do Foda-se

Hoje eu fiz amor com minha gata

Estávamos em um pub, aos goles, aos risos, aos berros, às mulheres. Eu, e mais dois amigos. Copiosamente, lembrávamos "dos tempos sombrios e sorditos da escravidão do egito. Das chibatadas do faraó, das murmurações das plebeias, e dos guisados de frango mau temperados por elas." (rs)
A gente gosta de transformar tudo em paixão, em poesia, sempre depois de alguns goles de absinto. (Gargalhadas)
A quase onipresença que o aplicativo de táxi nos dá, nos deixa a vontade com o horário de voltar pra casa. Então, somos como os 'Selvagens da Noite'. Independentes como os gatos negros que caminham pelo telhado nas madrugadas da vida com seus olhos de neon.
Enfim. Eram mais ou menos umas duas e pouca da madrugada. Cedo. Eu já estava em casa, e preparava uma vitamina concentrada com meus suplementos pra repor e compor as energias gastas naquela 'mesa de bordel'.
Resolvi não ouvi música. Queria curtir o silêncio, sentir, toca-lo. Estava fora do normal naquele dia. A favela nunca esteve tão quieta. Me encostei na lateral da porta, concentrei-me na luz da lua que transpassava os barracos e as goiabeiras, e abracei a noite.
Como um dejavu. Ouvi alguns cães latirem bem longe, dava pra distinguir o tom de individualidade daqueles dois animais que como eu, curtiam o momento.
Lembrei de minha infância. Na roça, no meio do mato. Dia e Noite! Era tudo muito lindo. Mágico.
Naquele momento, em fração de segundo, me passou quase os quarenta anos pela cabeça. E foi nesse momento em que a vi, ou melhor, a senti; chegando, e me tocando por trás. Como quem suplica por atenção. Virei-me. A peguei no colo e disse:

__ O que quer meu amor!?

Silenciosa. Fugindo dos meus braços, correu pela casa. Revesava os quartos como uma louca. Miava feito gente sussurrando palavras de amor e tesão profundo.
Eu disse:

__ Eu sei bebê. Eu sei! Você fica a sós em casa né? O dia inteiro. Agora você me quer. Hein?!

Ela passava entre as minhas pernas como uma mulher em seu estado pleno de insanidade sexual. E olhava pra mim com suas retinas grandes. Sedutoras!
Sentei na cama e peguei meu celular pra dar uma olhada nas mensagens. Ela veio, e deitou do meu lado com cara de 'pedinte', 'pidona', sei lá. Ela me queria!
Foi quando me toquei da importância que havia naquele momento. Larguei o meu celular. Deitei e a abracei. Enquanto eu fazia carinho na minha pequena. Ouvi quase que uma voz que ao mesmo tempo parecia sussurrar no meu ouvido, era bem audível, quase palpável. E dizia:

__ Tá entendendo agora o que é amor? O que é se dar e receber? Troca. Dedicação, lealdade, fé...? Você precisa se libertar de si mesmo. Você não vê as coisas como eu vejo! Não está pronto ainda. Fecha a sua boca, e abra os seus ouvidos. Seu coração...

Desabei. Chorei litros, rios, oceanos!
Vi a minha gata levantar, ir pra cama e deitar exatamente onde ela deita todas as noites, e olhar pra mim com quem diz:

__Deita. Descansa. Amanhã é outro dia.

Deitei.
E senti que um OUTRO alguém deitou-se ali comigo, abraçou-me e disse:

__ FILHO. EU TÔ AQUI. A MINHA GRAÇA TE BASTA. A MINHA GRAÇA TE BASTA!

Então. Dormi...
Apaguei nos braços do Pai.
Nos braços confiantes do Pai. Criador, consolador. Rei de todo o universo. Pronto pra acordar pela manhã. Ciente que Ele estará ali, sempre ao meu lado. Usando quem, e o que Ele achar necessário pra me dizer que está ali.

Obrigado Pai.
Obrigado a minha companheira, Sheetara. Minha gata, garota!