terça-feira, 14 de novembro de 2017

Sheetara, A Guardiã Dos Sonhos.

A quase três anos atrás adotei uma gata. Nunca fui fã de gatos, sempre tive uma afeição pelos cães, mas a ocasião me proporcionou esse desafio de ter um gato em casa. Nos primeiros anos, passaram em média uns vinte gatos pela minha casa. Tudo entre crias e filhotes que deixavam em meu portão. Mas os principais da casa sempre foram Sheetara e Lion.
Lion, era a personificação do 'ser vira-lata', ladrão de carne na mesa, invasor de propriedade alheia, sobrevivente das ruas, e consecutivamente um Piranhão. Desaparecia por dias, e voltava daquele jeito, sujo, magro, e as vezes ferido, mas com a cara lavada de quem voltou com a missão cumprida. Numa dessas investida voltou completamente arriado. Na verdade, desapareceu por duas vezes e o encontrei muito doente, prestes a morrer em um terreno baldio. Adquiriu a AIDS Felina e faleceu. Deixando pra trás sua irmã de criação, Sheetara. Uma gata arisca, medrosa, que detestava tumulto, cólo e morre de horrores quando ouve o barulho do Caminhão Do Lixo. Viveu durante seus primeiros anos num ambiente meio hostil. Dois adultos em pé de guerra, uma criança elétrica, e um entra e sai estridente de pessoas em casa. Sem contar a atmosfera negativa que a cercava.
A quase um ano atrás, tudo mudou. Mudamos de casa, eu, e Sheetara. Fomos morar juntos. Só nós dois! E daí então, tudo mudou. A Paz se estabeleceu, a castrei e ela passou a ser a minha fiel companheira no deitar e acordar. Passou a ser minha ouvinte predileta. Meu Divã. Conversamos por horas a fio. Sem pressa nenhuma e passamos a nos entender melhor. Ela passou a ser completamente dócil. Ama que eu a pegue no colo. E eu faço isso do meu jeito ogro de ser. Assim como todos os gatos que passaram por aqui, ela sempre larga o corpo e deixa eu fazer qualquer coisa. É sério! Eu a penduro pelas patas, pelo pescoço, pela nuca, pelo rabo. Jogo pra cima, ponho ela em cima da minha cabeça. É uma loucura de amor. O Lion chegava a deitar no chão pra que o puxasse por toda a casa pelas patas traseiras o arrastando como um pano de chão. E vou te contar. Ele sorria! É sério. Dava pra ver a alegria estampada na cara daquele sem vergonha.
Agora, Sheetara vem se revelando nos últimos meses. Nós temos alguns rituais a serem sempre feitos antes de sair, dormir e acordar. Vou resumir. Ao acordar pela manhã, rola um carinho meio louco. Ela se joga por cima das minhas mãos e pede uma massagem. E faço enquanto ela dá leve mordidinhas na minha mão. Antes de sair de casa, como ela fica a sós o dia inteiro, ela quer uma pouco mais de atenção. E solta uns miados estranhos. Parece até que vai falar! Inclusive eu já vi essa maluca pela manhã ficar olhando pra minha cara balbuciando baixinho alguma coisa que até hoje eu sou meio desconfiado. (Rs) Enfim. Quando chego a noite ela quer brincar de Pique Se Esconde antes de dormir. Gata maluca gente. Porém o que acho mais fantástico e preciso revelar pra vocês é, Sheetara tem alguma coisa sobrenatural que eu não consigo entender. Quando eu estou aflito, e converso comigo mesmo, chegando a um ponto que entro numa espécie de transe e discuto com meu próprio inconsciente, ou quando eu tenho uma DR com Deus,  ela começa a dar uns miados estranhos, muito altos, e a olhar pra mim de uma forma como se ela estivesse vendo com quem eu estou conversando. É assustador, e fascinante ao m amo tempo, dá pra perceber que ela entra num momento de tensão muito grande. Outra situação, e a mais intrigante pra mim. É que ela se tornou a Guardiã Dos Meus Sonhos. Sheetara dorme ao meu lado na cama. E por vezes, eu já acordei a noite com ela sentada de frente ao meu rosto me olhando, como se estivesse realmente de Sentinela.
Nas últimas noites, devido algumas mudanças em minha rotina de vida, tenho ficado um pouco apreensivo, e isso tem me levado a ter alguns pesadelos. E acreditem! É sempre Sheetara que me acorda nos momentos mais tensos do sonho. Ela começa a literalmente gritar pra que eu acorde. Um miado absurdamente estranho, como se gritasse o meu nome. É bizarro! Essa gata tem sido umas das melhores coisas que eu possuo hoje. É uma amiga, uma companheira, uma irmã. Uma filha. Quando meu despertador não toca pela manhã, é ela quem faz serviço. Chega até mim, senta em frente ao meu rosto e toca meu ombro com a pata até que eu acorde. Sim! Eu já fingi estar dormindo pra confirmar esse fato. São tantos mistérios que rondam nosso convívio, que eu poderia escrever um conto de fábula. Sei lá! Tipo algo como, Sheetara a Guardiã Dos Meus Sonhos.

domingo, 5 de novembro de 2017

A Cor Púrpura da Solidão

Eu havia deixado o rádio ligado quando sai; e quando cheguei, estava tocando Spanish Eyes, da Madona. Eram 04:30hs, eu já havia rodado por uns dois ou três points com amigos de carro. Tomamos algumas cervejas, jogamos sinuca, demos gargalhadas contando uns pros outros nossas aventuras e desatinos. Lembro que em determinado momento, na estrada, por volta da meia noite em um momento de silêncio raro no carro, soou o refrão na estação de rádio 'O Verme passeia na lua cheia!', Secos e Molhado era a trilha sonoro da estrada em meio aos nossos contos de bravura. Nos últimos meses tenho adotado a velha filosofia do Lobo Solitário. E feito alguns seguidores. Não sei exatamente o porque, nem como a vida me caminhou a isso. Mas, tem me feito bem. Os melhores momentos da minha vida em quatro décadas foram sempre acompanhados de uma boa bebida, uma trilha sonora, e um velho livro resgatado nos sebos da vida. Venho ultimamente mudando um pouco minha visão das coisas a minha volta, quanto a vida por exemplo, vejo-a como uma estrada velha entre montanhas, e prossigo perseguindo-a de pés descalços pra sentir o barro entre os dedos, vejo a noite como uma velha paixão de adolescência, e as pessoas que cruzam meu caminho, como casualidades que surgem em meio a selva. Isso me trás leveza. Apesar dos desafios. Mas me trás a possibilidade de descartar o peso imposto sobre nós por cobranças desnecessárias. Cobranças vindas até mesmo de nós mesmos. A Cor Púrpura da Solidão tem sido meu ápice. Estar bem comigo mesmo tem sido o meu Nirvana. Não me julgue! Não fui obrigado a isso. São as circunstâncias. Hoje vivo em comunhão com elas. Como disse um dia o filósofo, 'Eu sou eu, e minhas circunstâncias', então. Abracei a mim mesmo, alcancei o amor próprio e tenho um relacionamento conjugal forte com a auto estima.
Não posso descartar as possibilidades de comparar também a caminhada da vida como uma Roda Gigante Velha e enferrujada que vira e mexe da pane e tu nunca sabes onde sua cadeira vai parar, lá em cima, ou lá em baixo. Mas isso faz parte.
Bom. Agora, deitado, com um sorriso no rosto. Quero dormir e ter bons sonhos. Sonhos que repitam os contos de fábula dessa noite maravilhosa com os amigos. Porque amanhã é dia de labuta. E os dias ultimamente têm sido como terras áridas de um deserto distante. 

Perdemos o Feeling

Essa semana sai com três amigos pra um evento muito massa na capital. A noite era nossa! Saímos pra nos divertir. Três homens quarentões, lindos, e de bom papo. Todos apenas na vibe de curtir a noite. Mas sabe como é. Rio de Janeiro, Lapa, Mulheres interessantes, clima gostoso. Enfim, saímos pra nos divertir mesmo, como eu disse. Pra beber, papear e dançar.
O ambiente era bom, só gente top! A noite avançou e ainda ficou melhor. O show começou e entramos todos em êxtase. Conforme o clima foi mudando, senti algumas aproximações interessantes, então, minha visão de caça aguçada foi ativada. (Síndrome de Macho Alfa) Mas nada comprometedor. Apenas flertes. Curti, vi que meu instinto selvagem/primitivo ainda estava apurado. Percebi conforme as aproximações, o quanto há necessidade de olho no olho atualmente, as pessoas não estão acostumadas. Ainda há muita gente carente de atenção nesse mundo, gente carente de ser vista. Percebi a falta de sensibilidade que ainda há nos que estão em um evento e ainda sim andam com a cara enfiada em seus smartphones. Lamentável! Mas estávamos lá, observando e sendo muito observados. Adorei!
Mas uma coisa fundamental que percebi é o quanto perdemos o feeling quanto uma simples paquera, um flerte, uma troca de olhar, gestos, essas coisas de gerações passadas. Aquelas manjadas de quem está só, quem não está, quem está acompanhado e mesmo assim está só, enfim, fazer 'Cheking'. Perdemos a forma básica de vivermos off line. Não sabemos mais como 'chegar em alguém', e ou, sei lá, conhecer alguém como o básico. As relações pessoais no mundo off line estão escassas. E isso não é legal. Eu curto, eu tenho todo um esquema de aproximação pra conhecer novas pessoas. Pra sedução também, pra casualidades, pra negócios, essas coisas. Eu sou um cara relacional, comunicativo. Gestos, fala, linguagem corporal. Eu manjo dos 'paranauês'. (Rs) Uma amiga uma vez disse que tenho olhar de pedinte. Que eu falo muito com um olhar. Depois que ela falou isso, passei a ser mais abusado. (Rs)
Conforme a noite foi passando, o nível do joguinho da paquera passou a ser mais hardcore. E eu gosto de desafios. Fiz bons investimentos. Mas na sendo vulgar ao extremo, não peguei ninguém. (Rs)
Conclusão, cheguei em casa pela manhã satisfeito. Satisfeito pelo fato de Missão Cumprida. Sai, me divertir, paquerei, dancei muito; enfim. Noite perfeita!
Essas coisas de estar ou não com alguém, namorado no caso, agora passou a ser apenas, obra do acaso. Não me importo mais. Quando rola alguma coisa, é legal. Dá um Upp né? Tu se sente vivo! (Rs) Mas. Isso agora se tornou o de menos. Estou bem só!